A Interferência Divina na Vida de um Ser Livre

          Muito se discute se as coisas acontecem por acaso ou elas se realizam porque estão devidamente programadas para acontecer por uma ordem divina. No mês passado aconteceu um fato muito curioso no meu trabalho que me levou a refletir sobre este tema e comentar neste texto.

         O chefe de manutenção do parque onde trabalho, Francisco Pereira Lopes, foi fazer uma conferência das pontes das trilhas após uma forte chuva e ao chegar na última ponte viu um corpo humano descendo no rio. Imediatamente se investiu de coragem e entrou no rio para pegar a pessoa afogada. Quando pegou o corpo, tratava-se de um rapaz de 27 anos que estava desacordado e já com a pele roxa. Depressa meu amigo começou a fazer massagens cardíacas no peito do rapaz. Depois de algumas flexões, o rapaz esboçou reação e isso motivou o Francisco a continuar aquele processo e falar palavras de estímulo “Respira, você não vai morrer”. Quando ele retornou os sentidos, meu amigo chamou a ambulância e o encaminhou ao hospital. O final da história foi muito feliz, pois ele sobreviveu sem seqüelas e está bem neste momento com esposa e filhos.

            Tem alguns detalhes desta história que é muito interessante e vale a pena refletir. O rapaz se afogou porque pulou numa piscina natural que tinha comportas abertas no fundo da piscina e foram elas que o sugou e pressionou sua cabeça contra a parede, fazendo-o desmaiar e descer no rio que seguia. Quando o rapaz recebeu atendimento médico foi informado que ele tivesse passado mais um minuto afogado, teria morrido ou ficado com sequelas para o resto da vida. Esse detalhe nos leva a pensar: o que levou o Francisco estar naquele lugar exatamente naquele minuto?

            Este fato me leva a crer na ação divina sobre a vida do homem e na história da humanidade de modo geral. Porém, esta convicção leva ao pensamento que as coisas estão determinadas por Deus para acontecerem. Acredito nesta vertente, mas também creio no livre arbítrio do ser humano. Sou partidário da ideia que a história do ser humano é feita através da combinação deste dois fatores. O indivíduo tem a oportunidade de fazer escolhas para construir sua história, mas tem muitas coisas que existe a intervenção divina a seu favor, até porque o ser humano é muito limitado e só Deus pode ajudá-lo em muitas situações.

            No livro de Romanos, capítulo 8 e versículo 28 tem um texto que fala a respeito deste assunto: “Sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus”. De acordo o meu professor de Grego, língua em que este texto bíblico foi escrito, a melhor tradução para ele seria “Deus faz com que todas as coisas concorram para o bem daqueles que O amam”. Este texto e outros mostram a ação de Deus para beneficiar o ser humano. A Bíblia também traz uma série de outras passagens que ordena que homem faça suas escolhas, dentre as quais destaco Deuteronômio 30:19: “O céu e a terra tomo hoje como por testemunha contra ti de que te pus diante de ti a vida e a morte, a benção e a maldição; escolhe, pois, a vida para que vivas, tu e a tua descendência.”

            Diante do exposto, percebemos a posição privilegiada do ser humano, onde ele tem capacidade de escolhas e ainda tem a mão divina que atua a seu favor. O caso relatado acima revela com muita clareza a existência de um Deus bondoso e atuante na história humana, isso ficou mais nítido ainda quando o rapaz que se afogou recebeu uma visita no hospital de um casal que não o conhecia e o entregou a seguinte palavra: “Tenho uma mensagem de Deus para você – ‘fui eu quem enviei aquele anjo para lhe salvar’”. 

Casamento Sólido ou por um Fio: uma Escolha

          Assisti recentemente um filme que levanta essa questão. A personagem principal estava passando por vários problemas conjugais e então a sua mãe chega para aconselhá-la e travam este curioso diálogo:

- Mãe: meu casamento com teu pai vivia por um fio e eu dou graças a Deus.

- Filha: e desde quando é bom viver por um fio?

- Mãe: Alice, todo mundo que me diz que tem uma relação sólida, me passa a impressão sabe de que? De uma represa. De uma barragem sólida, dura, de concreto. Mas basta um vazamento, um furinho, pra essa barragem ruir inteira. Já uma relação por um fio, não, é uma relação de fio de aço, sofre, estica, balança, mas não arrebenta.

            A mensagem que o filme passa é que quando o casamento é muito estruturado, ele pode desabar a qualquer momento se aparecer problemas, sejam eles grandes ou pequenos. Já o casamento por um fio, em que acontecem problemas o tempo todo, tem muito mais resistência, pois esse fio é um fio de aço que segura o casamento.

            Se escutarmos essa percepção de forma superficial e rápida, temos a tendência de achar que esse conselho tem razão, é correto, e até mesmo bonito. Que quanto mais cheia de idas e vindas, mais problemática é a relação, mais emocionante e firme ela se torna! Porém é preciso fazer uma análise mais cuidadosa deste pensamento.

          Quando falamos de relação sólida não estamos falando de uma convivência em que não há problemas. Existem sim muitos problemas, o que é normal na vida a dois. O que faz uma relação ser sólida é o amor, que “é sofredor, é benigno... não é invejoso...não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” I Co 13: 4-7. Solidez é, apesar dos problemas, a certeza que não vai ruir. Não é represar os problemas para estourarem de uma vez.

            Por outro lado, pode-se pensar que o fio de aço também representa a idéia da solidez e da segurança. Mas na verdade essa não é idéia original. Quando se fala em alguma coisa que está por um fio, tem-se a intenção de dizer que está prestes a acabar.

            Acredito que o autor do filme tentou passar a mensagem que é legal ter um casamento por um fio, que ele é mais emocionante e mais forte. Mas não podemos se apegar a este conceito, pois não é vontade de Deus (autor do casamento) que se viva o tempo todo em perigo de rompimento. Ele quer que tenhamos vida em abundância e isso significa plenitude em todas as áreas da vida, principalmente na vida sentimental.

            Precisamos lutar e ter como propósito uma vida conjugal sólida, em que se possa construir planos para o futuro, pois não ter certeza se irá continuar com o companheiro (a) impede até mesmo a possibilidade de ter sonhos e fazer um planejamento de vida. Que possamos sempre buscar estabelecer uma relação de confiança e de firmeza!